segunda-feira, 22 de junho de 2015

GILBERTO ARRUDA | O Médium é Enterrado no Próprio Centro Espírita no Rio de Janeiro.

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O corpo do médium Gilberto Arruda foi enterrado no passado sábado por volta das 12hs locais, no Centro Espírita Lar de Frei Luiz, na Taquara, Zona Oeste do Rio, após ser velado por 3 horas na quadra do local. Cerca de 600 pessoas, entre familiares, amigos e frequentadores do centro, se despediram e ofereceram preces ao médium.
Gilberto tinha 73 anos e foi encontrado morto nesta sexta-feira (19), dentro do Centro Espírita. Segundo funcionários do local, o médium estava amordaçado, com as mãos amarradas e com o rosto ferido.
Após a chegada do corpo ao ginásio, em torno de 9h, familiares e médiuns do Lar de Frei Luiz deram as mãos e realizaram uma corrente de orações por Gilberto Arruda. O clima era de forte comoção.
Durante a oração, Paulo César Fructuoso, médium-assistente de Gilberto Arruda há 38 anos, falou algumas palavras para os familiares e amigos que estavam dentro da quadra poliesportiva onde se realiza o velório de Gilberto Arruda.
Ele discorreu sobre a importância do médium e sobre a efemeridade da vida e citou o caso de uma adolescente que se tratava na instituição e faleceu. Ele encerrou a mensagem afirmando que algum tempo depois ela enviou uma mensagem psicografada que dizia "não chorem por mim, porque vocês não me perderam. Na verdade, vocês me ganharam para sempre", como uma forma de consolar a dor da perda.
O médium morava no centro, que também é um educandário social. Investigadores da Divisão de Homicídios interrogaram dois funcionários que trabalhavam na casa dele. Segundo funcionários do Centro, ele dormia em um quarto separado da esposa, Marli, que nada sofreu.
Despedidas
O ator Carlos Vereza era amigo de Gilberto Arruda há 27 anos. Ele declarou que está em choque com a morte do médium.
"Eu não consigo processar esta morte porque ele era um homem que praticava a caridade dia e noite. Isto é um sinal de que o país está putrefato, doente. Quando a caridade é morta, é um sinal de que o país está em metástase".
Vereza disse que a última vez que esteve com Gilberto foi na última quarta-feira. Visivelmente emocionado, ele contou que Gilberto era doce na vida pessoal.
"Ele tinha um corpanzil, mas era uma criança. Era um apaixonado por carros. Ele tinha até algumas miniaturas. Eu sigo sem conseguir acreditar. É um país constantemente esfaqueado".
A advogada Vânia Maria Pacheco, que se tratou de um câncer de bexiga com Gilberto Arruda em 2009, ficou muito abalada com a morte do médium. Ela conciliou o tratamento médico com o espiritual. "Porque a cura não acontece somente através da medicina, mas também da fé".
"Eu sou extremamente grata a ele e ao Lar Frei Luiz. E continuo me tratando espiritualmente até hoje. A morte do Gilberto me abalou porque o trabalho de caridade que ele fazia e muito importante. Soube da morte pela minha coordenadora e fiquei muito chocada".
Nelson Duarte, coordenador espiritual da casa, contou que Gilberto chegou à obra aos seis anos, pelas mãos do fundador do Lar Frei Luiz, Dr. Rocha Lima. Ele afirmou ainda que a morte prematura do médium, aos 68 anos, não significa a interrupção de seu trabalho.
"O trabalho dele continuará. Porque não há morte. A vida existe após a morte. A morte é apenas um fenômeno biológico. A vida sempre permanece".Sobre o trabalho das autoridades no caso, ele disse que "temos que ter paciência para aguardar a apuração das autoridades. Como espíritas, não lamentamos a morte, mas lamentamos a maneira como aconteceu. Queremos que tudo seja esclarecido".
Intolerância
Cristina Fiúza, coordenadora do voluntariado da instituição, afirma que o Lar Frei Luiz não possui histórico de casos de agressão ou intolerância e, por isso, acredita que o crime não esteja relacionado a isso.
"Não acreditamos em intolerância religiosa. Algo aconteceu que ainda não sabemos o que foi. Vamos esperar as investigações da polícia", declarou.
O médico Paulo Fructuoso, que trabalhou com Gilberto por 38 anos, afirma que as direções espirituais da casa estão nas mãos de seu patrono. "Frei Luiz vai saber o que fazer".
'Só fazia o bem'
A prima de Gilberto Arruda, Lousiania Arruda, contou ao G1 que "a família está completamente chocada” com o crime. Também médium do centro, ela disse não imaginar quem posssa ter matado Gilberto.
"Ele não tinha inimigos e só fazia o bem. Era extremamente ativo dentro da doutrina. Ele se dedicava e estava lá sempre pela caridade, mas com toda a disciplina", disse, sem saber ao certo há quanto tempo Gilberto morava no Centro Espírita Lar de Frei Luiz. “Entre 15 e 20 anos”, calculou.
Apesar de, na doutrina kardecista a morte não ser considerada o fim da existência, Lousiania diz que é impossível não ficar chocada com as circunstâncias do falecimento.Lá em cima ele deve ter sido recebido com muito carinho. Mas, para nós, que somos imperfeitos, é difícil, pois foi uma brutalidade, muito chocante.”

fonte: G1

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